Caminhos da Rua
Pelo direito de existir com dignidade – nas ruas e além delas.
Não é caridade. É convívio.
Não é ajuda. É troca.
Não é salvação. É resistência.
Na Casa Caminhos, cada pessoa é recebida com escuta, sem exigência, sem julgamento, sem hierarquia.
Aqui, quem vive nas ruas encontra abrigo, cuidado e afeto – mas também liberdade, decisão, presença.
Somos parte das ruas, e as ruas são parte de nós.
Seguimos criando brechas, redes e possibilidades. Porque existir não deveria ser um luxo.
E porque toda vida importa. Toda vida tem caminho.
Quem somos
A Caminhos da Rua é uma organização independente que acolhe, escuta e caminha junto com pessoas em situação de rua, sem depender de recursos públicos nem se curvar a lógicas institucionais que desrespeitam a dignidade humana.
Desde 2021, mantemos a Casa Caminhos, um espaço de convivência localizado na zona leste de São Paulo, que abre suas portas todos os dias úteis para acolher entre 50 e 60 pessoas. Oferecemos café da manhã, almoço, banho, troca de roupas, apoio com documentos e empregabilidade, cursos de inclusão produtiva (serigrafia, culinária, alfabetização, filosofia), uso de internet e atendimentos em saúde (inclusive psicológica e acupuntura) —mas, mais do que isso, oferecemos presença, vínculo, respeito e troca.
Nos organizamos de forma coletiva e horizontal, com base na escuta, na confiança e na construção de autonomia. Parte da equipe é formada por pessoas que já viveram a realidade das ruas. Aqui, não trabalhamos "para" as pessoas em situação de rua — trabalhamos com elas. Somos um coletivo de resistências e aprendizados, guiado pela coragem de cuidar e pela certeza de que ninguém deveria estar sozinho numa calçada.

Observatório da Pobrefobia
Também somos o berço do Observatório da Pobrefobia, uma iniciativa que denuncia políticas de extermínio, higienismo e criminalização da pobreza.
Com ele, produzimos conhecimento a partir das ruas, levantamos dados, escutamos territórios e exigimos políticas públicas que respeitem o direito de existir.
Por que existimos
Vivemos em uma cidade que investe mais em grades do que em gente. Onde o poder público pinta muros de cinza, ergue cercas em praças, espalha pedras embaixo de viadutos —e chama isso de "política pública". Uma cidade onde a fome é tratada como desvio, o cuidado como favor e a pobreza como crime. A Caminhos existe para dizer não a essa lógica. Para afirmar que existir é um direito, não um privilégio. Para lembrar que as ruas são feitas de vidas, e não de estatísticas.
Criamos a Casa Caminhos para acolher pessoas em situação de rua com afeto e dignidade, sem exigir nada em troca. Existimos para oferecer escuta, presença e cuidado, mas também para denunciar a pobrefobia, nomear as violências cotidianas que seguem normalizadas e invisibilizadas. Queremos tensionar estruturas, e não apenas remediar sintomas.
Por isso, nossa prática cotidiana anda lado a lado com uma postura política: todo corpo tem direito a parar, comer, descansar e ser respeitado.
Nossa atuação na prática
Cuidar é um verbo coletivo.
Na Casa Caminhos, acolhemos entre 50 e 60 pessoas por dia útil, oferecendo café da manhã, almoço, banho, roupas, cuidados de saúde e descanso. Mas mais do que isso: cuidamos com tempo, com escuta, com presença.
Compramos remédios, botijões de gás, colchões e passagens de ônibus para quem quer voltar à cidade de origem. O cuidado real escuta o desejo e responde à urgência.
Autonomia é política pública não oficial.
Apoiamos pessoas na emissão de documentos, marcação de consultas, acesso a benefícios e reconstrução de laços. Oferecemos atendimento jurídico, psicológico, acupuntura e curso de serigrafia. Também viabilizamos moradias temporárias e aluguéis sociais emergenciais. Mas sempre com a pessoa no centro das decisões. Nada sobre nós sem nós. Apoiamos caminhos, não impomos destinos.
Vínculo é resistência.
Construímos relações contínuas, baseadas na confiança, na horizontalidade e no reconhecimento. Parte da equipe é formada por pessoas que já estiveram em situação de rua – isso muda tudo. Sabemos o nome, o rosto, a história. Sabemos que cada pessoa carrega mais do que uma necessidade: carrega um mundo. E a cada encontro, afirmamos: você não está só.
Enfrentar a pobrefobia é compromisso.
Com o Observatório da Pobrefobia, monitoramos políticas públicas, registramos violências, produzimos dados e incidimos no debate público. A partir das ruas, geramos conhecimento que incomoda, denuncia e propõe. Não aceitamos que a pobreza seja tratada como falha moral.
A rua não é o problema. O problema é o que a produz.
Nossos sonhos e aonde queremos chegar
Nosso sonho é simples, mas radical: um mundo em que nenhuma pessoa precise viver nas ruas para existir. Um país em que políticas públicas garantam o básico — moradia, alimentação, saúde, documentação, cuidado. Uma cidade em que a vida valha mais que a propriedade.
Até lá, seguimos plantando possibilidades.
Trabalhamos para que cada pessoa em situação de rua tenha acesso real à dignidade, não só ao mínimo. Lutamos para que o cuidado seja política de Estado, e não apenas prática solidária. Queremos um sistema que reconheça a humanidade antes da urgência.
Nossa teoria da mudança parte de três certezas:
1
Não se faz transformação sem escuta
Por isso, tudo o que fazemos nasce do diálogo com quem vive nas ruas.
2
Não se enfrenta a rua sem enfrentar a pobrefobia
Por isso, não nos limitamos ao acolhimento: também denunciamos, pesquisamos, incidimos.
3
Não se constrói justiça sem vínculo
Por isso, nossa atuação se dá com presença, continuidade e afeto.
Queremos ajudar cada pessoa que passa pela Casa Caminhos a reconstruir seus próprios caminhos — e, ao mesmo tempo, tensionar um sistema que naturaliza a exclusão.
Nosso impacto não cabe em planilhas. Ele aparece quando alguém volta a sonhar, quando volta a ter documento, quando volta a se sentir gente. É nesse chão que plantamos futuro.
Como apoiar
A Caminhos da Rua existe porque pessoas como você acreditam que a vida nas ruas não pode ser tratada como erro ou descaso.
Não recebemos recursos do poder público. Mantemos a Casa Caminhos funcionando todos os dias com a força de doações individuais, parcerias éticas e trabalho coletivo. Ou seja, da solidariedade. Cada café servido, cada banho quente, cada passagem comprada, cada documento tirado — tudo isso só acontece porque tem gente que escolhe caminhar junto.
Se você também acredita que toda vida merece dignidade, ajude a manter essa casa aberta.
📍 Doações via Pix
💬 Outras formas de apoio
Entre em contato com a gente pelo e-mail ou Instagram e vamos conversar. Toda ajuda é bem-vinda — mas o compromisso com a causa é o que mais importa.
💠 Doe com afeto. Doe com coragem. Doe com consciência.
Contato e redes
Casa Caminhos
Estamos na zona leste de São Paulo, próximos ao metrô Belém: Rua Fernandes Vieira, 157.
E-mail
projetocaminhosrua@gmail.com
Instagram
Observatório da Pobrefobia
Acompanhe também nossas ações de incidência política e produção de conhecimento: pobrefobia.com
Feito com coragem, escuta e afeto nas ruas de São Paulo.
Pelo direito de existir com dignidade – nas ruas e além delas.

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